Criança é um bicho cruel, num é mesmo? Não adianta falar que não, que você sempre foi santo, que nunca deu trabalho pra ninguem, que sempre gostou de ajudar todo mundo, porque é MENTIRA.
Tá, tudo bem, pode ter uma criança ou outra que seja santinho, se comporte, e fique horas e horas quietinho assistindo Bob Esponja na TV e chupando o dedão do pé sem incomodar ninguém. Mas pode fazer o teste aí, distraidamente, como quem não quer nada, dá uma topada na quina do móvel da TV. A criança pode ser a mais santa do mundo, mas se ela não der pelo menos um risadinha (o mais comum é a criança cair pra trás, sem ar, de tanto rir) pode crer que tem algo errado com ela.
Vou te deitar na porrada, bróder!
Mesma coisa são os apelidos. A criança, mesmo que não encontre nada “zuável” na outra, vai procurar, certeza. Ela vai cutucar cada ferida do pobre coitado até encontrar um defeito que vai ser logo evidenciado com um apelido maldoso, perseguindo o infeliz por toda sua vida.
Ninguém escapa, sejam gordos, magros, brancos, amarelos, pretos, roxos, dentuços, orelhudos, ou até aquela criança que aparentemente é normal, mas não consegue falar palavras paroxítonas terminadas em Y, os “amiguinhos” com certeza vão inventar um apelido pra ela.
E a crueldade da criança chega no ápice quando ela encontra com outras crianças de igual ou maior nivel de filhadaputice. E que lugar melhor pra esse bando se juntar do que a escola?
Exato, a escola.
É lá que a criança vai pra aprender tudo que não presta.
“Ah, mas meu filho só vai pra escola pra aprender matemática, história e etc”
MENTIRA! Pergunta pra ele quanto é a tangente de um ângulo de 75º ou quem colonizou a Nova Guiné. Ele provavelmente vai olhar pra sua cara com a melhor expressão de “Que se foda isso aí” e dizer: “Ah, sei não, o professor num explicou”…
Mas agora chega quando ele tá distraído e pergunta:
“Aí mano, se virar um valete, qual carta é o zap?”
Na lata, sem nem pensar, ele vai mandar: “Rei de paus, marreco”
É um fato, criança, jovem ou o que seja, quando se junta com o seu grupinho, num sai nada que presta, e a maioria dessas porcarias acontecem justamente na escola.
Me lembro bem que na época da escola, inventávamos jogos bem estúpidos, mas que na real, eram só um pretexto pra um amiguinho deitar o outro na porrada sem mais nem menos, e não ter ninguem pra separar a briga, pois fazia parte do jogo.
Os inspetores diziam que não era jogo, pois pra ser um jogo tem que ter pontos, não? Mas teve um dia que eles viram que tinham pontos sim, quando o Juquinha (não lembro o nome do muleque, então vai ser Juquinha mesmo, foda-se), pra escapar da cacetada que ia tomar, tropeçou no degrau e enfiou a boca no corrimão da escada. Ele foi o vencedor, porque naquele dia, ninguem levou mais pontos que ele, creio eu.
As brincadeiras seguiam o seguinte molde: Bobeou, porrada nele!
Essa era a única regra dos complicados jogos que fazíamos na escola, os 5 mais famosos eram:
Licensa Breda:
LICENSA BREDA! *POF*
Essa era legal, logo que acabava a aula, a gente saía pela rua, falando merda por aí. E quando um avistava um ônibus da marca Breda, gritava alto, LICENSA BREDA! e descia o sarrafo nos desavisados, não importava se o muleque tava atravessando a rua, distraído, ou olhando as capas das revistas de mulher pelada da banca de jornal da esquina.
O bom dessa brincadeira é que treinava bem a visão da mulecada, porque o ônibus podia estar lá na puta que pariu, mas sempre tinha um desocupado pra conseguir enxergar, e consequentemente enfiar a porrada em algum coitado.
Palitinho:
Não, não é esse palitinho
Não, não tem nada a ver com a brincadeira de segurar palitinhos na mão e adivinhar quantos tem e tal. E, pelo amor de Deus, também não tem nada a ver com furar os olhos dos queridos amigos com palitinhos, você acha que éramos marginais?
Palitinho era o seguinte, sempre que alguem falava uma palavra começada com a letra P, tinha que falar logo em seguida a palavra “PALITINHO”, senão, adivinha o que acontecia??? Exato, porraaaaada.
Essa era boa, desestimulava a mulecada a falar palavrão, porque um simples “Puta que pariu”, teria que ser acompanhado por 2 palitinhos, e dava uma preguiça desgraçada de falar. Fora o risco de esquecer de dizer a palavra mágica e tomar uma voadora no meio da nuca, de repente.
Brincadeira Sem Nome:
Essa não tinha nome (dããã), e cá pra nós, era um pouquinho nojenta.
Sempre que alguém emitia gases de qualquer espécie, seja via oral ou anal, tinha que fazer um hang-loose com o dedão apoiado na testa e o dedinho apontado pra frente. De onde diabos surgiu isso, nunca vamos saber, mas era assim, vai contrariar?
É isso aí, e bota o dedão na testa
Fato é que se alguem arrotasse ou peidasse na companhia dos colegas (acreditem, adolescentes faziam isso com uma frequencia absurda na minha época e não estavam nem aí… O que? não fazem mais?? Essa juventude tá perdida mesmo) tomava tapões na testa, até fazer o famoso hang-chifre (num era esse o nome, inventei agora)
Essa brincadeira treinava nosso olfato, porque sempre que sentíamos um cheiro estranho, começávamos a olhar um pra cara do outro, o que desse uma risadinha sem-graça, prontamente tomava uma lambada no meio da testa do colega que tivesse mais perto.
Sardinha:
Não achei foto da brincadeira"sardinha", então vai o peixe mesmo.
Essa era perigosa, não tentem isso, hein crianças?
Era assim, ficavam os 2 retardados competidores um de frente pro outro, com os pulsos à mostra. Aí no famoso dois-ou-um, decidia-se quem começava.
O primeiro estica os dedos indicador e médio da mão mais forte e sem mais nem menos, desfere uma “sardinha” (também não sei de onde diabos veio esse nome) no pulso do colega, com toda a força. Era comum o jogo acabar com umas 3 rodadas, porque o mais frangote ficava com medo que a mamãe descobrisse os vergões vermelho-arroxeados no pulso do filhinho e fosse falar com a diretora. Isso é brincadeira pra macho, mermão, num aguenta bebe leite!
Cagador-malha:
Primeiro Cagador-Malha da história
Essa eu tenho certeza que existia em TODOS os colégios do Brasil, porque uma brincadeira tão genial assim não pode ter sido criada pelos meus amigos.
Só olhar o nome da brincadeira, que você já vai saber o que é:
Cagador: quando um jogador de futebol passa uma bola entre as pernas do outro, tambem conhecido com caneta, cana, etc.
Malha: Porraaaaada! (Nunca ouviu falar de malhar Judas? Então, nas nossas partidas de cagador malha, acontecia bem pior)
Era isso, começava na sala de aula. Amassávamos folhas de caderno, grudávamos com durex, e pronto.
Aí na hora do intervalo começava a putaria, jogávamos a bola pra cima e assim que caía no chão, um tentava passar entre as pernas do primeiro otário que aparecia na frente, caso conseguisse, coitado do pobre otário…
Tomava tanta piaba que nem sabia de onde tava vindo. E pra escapar, como fazia?
Combinávamos um lugar, tipo o portão, se você levasse um “cagador”, devia correr (embaixo de porrada) até o portão do outro lado do pátio, e encostar nele, assim, acabava sua punição, e íamos procurar a bola de novo (porque a essa altura, a bola ficava esquecida, queríamos mesmo era bater no infeliz)
Por isso no meu tempo a mulecada era forte, saía correndo embaixo de murros e voadoras e num tava nem aí.
Ah, saudades da minha infância.